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O mito do Iniciativa Liberal, Parte 1

Se procurarmos no Google “Iniciativa Liberal”, deparamo-nos com um resultado da Wikipedia, que começa assim: “A Iniciativa Liberal é um partido político português de índole liberal, que defende a liberalização económica, política e social”. Se procurarmos o site, deles, ai está escrito que “O partido Iniciativa Liberal é o partido liberal de Portugal — o único partido português que defende mais liberalismo económico, mais liberalismo social, mais liberalismo político.”

À primeira vista, podemos pensar que é apenas um partido liberal, com a intenção de diminuir o papel do Estado na sociedade. Sendo eu um libertário, acredito que tal é importante, já que o estado é na maioria das vezes uma ferramenta de opressão. Mas a partir dai, encontro uma divergência com os ideias do Iniciativa Liberal. Enquanto eu pretendo substituir o estado por uma forma de governação horizontal, gerida pelos trabalhadores, a Iniciativa Liberal pretende substituir o estado por uma forma de oligarquia mascarada de liberalismo.

Antes de mais nada, não me oponho apenas ao IL. Oponho-me a todas as outras organizações políticas que pretendem manter ou aumentar o tamanho do estado, reduzindo o trabalhador a mera engrenagem no sistema. Inclui-se o PS, o PSD, o CDS-PP, o Chega, e por associação ao governo e por terem abandonado a via revolucionária, o PCP e o BE. Mas não me iludo ao ponto de pensar que a mudança chegará instantaneamente, e portanto, acredito que algumas instituições governamentais existentes, por más que sejam, são melhores do que a alternativa do IL.

Esta série de artigos tem como intenção ajudar a todos os que, acreditando na liberdade total, pensem que o IL quer o melhor para Portugal, os seus cidadãos e os seus trabalhadores. O IL não quer o melhor para si. Embora tenha algumas medidas meritórias, estas servem apenas como pano para esconder as suas verdadeiras intenções, a de aumentar o poder das grandes empresas e substituir o domínio estatal pelo domínio do Capital.

As personagens:

Comecemos por aqueles que compõem o partido, os seus membros. Mais especificamente, os seus membros principais. Comecei por pesquisar (vou ser honesto, abri o Linkedin e o Twitter!) sobre João Cotrim Figueiredo, João, Bruno Mourão Martins e Catarina Maia, dado que são alguns dos mais importantes na hierarquia partidária. Vamos analisa-los um a um.

João Cotrim Figueiredo é o presidente do IL, mas antes de o ser, foi, entre outros cargos, CEO do Privado Holding, entre Janeiro de 2009 e Junho de 2009. Ora, esta instituição era dona BPP, Banco Privado Português. A situação é complicada de explicar, e posso não lhe estar a fazer justiça, mas pode ser resumida num banco falido, num resgate do estado, e em administradores corruptos que recebiam vencimentos milionários. Ora, o banco só deixou de existir em abril de 2010. Logo, é difícil acreditar que ele não teve envolvimento ou conhecimento da situação.

João Luís Serrenho é o tesoureiro do IL, e já foi membro da direção e consultor de variadas empresas, mas mais importante, é candidato á presidência da direção da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa. Ora, isto incomoda-me, já é tesoureiro do partido desde dezembro de 2019 mas é candidato desde março. Ou seja, candidatou-se a um cargo de uma organização importantíssima a nível nacional, e depois tornou-se tesoureiro de um Partido. Se eventualmente for eleito, provavelmente terá que sair da sua posição como tesoureiro. Mas será incrível e suspeito ter alguém como presidente da CCIP que foi previamente uma importante figura partidária, especialmente de um partido que suporta medidas a favor das empresas e privatizações de empresas públicas.

Catarina Maia não pertenceu a nenhum banco corrupto ou se não se está a candidatar a algum órgão institucional, mas tem uma conta de Twitter, que é no mínimo impressionante para uma figura partidária. A 20/05/2012, data da visualização do seu Twitter, o perfil incluía o seguinte:

-Uma partilha de uma notícia de um site de direita libertária, acusado de ser uma plataforma para “inside trading” em Wall Street (negociar ilegalmente), que dizia que a ONU tinha pedido para pararmos de usar termos como marido e mulher, já que eram politicamente incorretos. Ora, o que aconteceu de verdade foi que a conta da ONU no Twitter publicou um tweet a pedir que se usasse nomes alternativos quando não estamos certos da identidade sexual de alguém ou quando nos referimos a um grupo. Não há qualquer menção do que é politicamente correto ou incorreto. Mas o que aconteceu, como costume, foi que o tweet foi apanhado por sites da direita radical, tirado do contexto e hiperbolizaram o seu conteúdo para ser espalhado para enganar leitores crédulos. E finalmente chegou até Catarina Maia, que, pertencendo a um partido a favor da liberdade, respondeu a essa notícia a transpirar de radicalismo de direita, publicação digna do Chega com um emoji sorridente.

-Uma publicação de uma imagem de um manual do terceiro ano, com a seguinte mensagem: “Do manual escolar «A Grande Aventura», Estudo do Meio, 3.º ano. Ficamos a saber que devemos pedir factura para que todos paguem impostos. Uma das cartilhas aprovadas pelo Ministério da Educação, a educar o contribuinte desde os 8 anos de idade.” Ou seja, Catarina Maia implica que educar os alunos a pagar impostos é uma manobra ideológica, com o propósito de obrigar todos a pagar impostos. Isto implica que Catarina Maia não acredita que todos devem pagar impostos. Como libertário, também me oponho ao conceito de impostos, mas Catarina Maia, além de apelar à fraude fiscal, está a ser hipócrita, já que trabalha para a Comissão Europeia, cujas receitas advém das contribuições estatais, que vem dos impostos que o estado estabelece, nomeadamente o IVA. Ou é Catarina Maia contra a fonte do seu rendimento? Se tal for o caso, sugiro que doe o seu salário aos contribuintes.

E não é tudo. Membros da hierarquia partidária já foram CEO de empresas como a Compal, Nutricafés e Sestercium, além de terem sido membros da administração de empresas, consultores e gestores de outras variadas empresas. Em suma, é um partido liderado e gerido por pessoas com duvidosas relações a empresas, que apelam à fraude fiscal e que suportam ideias da direita radical. Com esta informação, torna-se claro o porquê de algumas propostas eleitorais, a serem discutidas em futuros artigos.

Portanto, caro leitor, a partir de agora, sempre que vir alguma proposta do IL, alguma ideia espalhada por alguma figura partidária, pense bem, se isso é para o seu bem, ou para o bem dos bolsos dos políticos do IL e dos seus amigos.

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Por Onda Vermelha

¡Olá a todos! Daqui falam os criadores desta revista "Wiki" e "Revolat", que somos ambos estudantes. Esta revista, tem por base a partilha de alguns ensinamentos e lições essenciais , e de como podemos melhorar não só esta nação como também este mundo!

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